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Fome e epidemia diante da riqueza do ouro.

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Fome e epidemia diante da riqueza do ouro.         Empty Fome e epidemia diante da riqueza do ouro.

Mensagem por Cimberley Cáspio Seg 19 Fev - 16:19

Por Rebecca Henschke e Hedyer Affan - BBC  - reproduzido e editado p/Cimberley Cáspio

Uma crise de sarampo e desnutrição matou recentemente pelo menos 72 pessoas - principalmente crianças - na remota província indonésia de Papua, lugar que abriga a maior mina de ouro do mundo. Essa tragédia colocou sob os holofotes uma região fechada para jornalistas por décadas e revelou graves falhas do governo.

Até bem pouco tempo atrás, jornalistas estrangeiros não tinham permissão para trabalhar ali. A reportagem da BBC conseguiu uma autorização especial da polícia para viajar para essa região, e enquanto faziam  registros da reportagem e coletavam informações, a polícia não dava sossego. Sempre vigiando e censurando o que podiam do trabalho da equipe de jornalismo.

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(Yulita Atap viajou dois dias de barco para poder cuidar da sobrinha de dois meses, que também está desnutrida.)

A cidade de Timika, é o centro para a mina Freeport, que pertence aos Estados Unidos e é uma das maiores pagadoras de impostos na Indonésia.

Trata-se da maior mina de ouro do mundo. Não por acaso, Timika tem uma das maiores taxas de crescimento populacional no país.

Mesmo diante de tamanha riqueza, "as pessoas têm importado cada vez mais comida porque, em alguns lugares, as florestas têm sido exploradas pela indústria madeireira forçando os nativos irem mais longe para encontrar sagu,  a comida principal da população pobre de Papua", explicou o pesquisador local de saúde Willem Bobi.

Willem Bobi, viajou pela área coberta pela floresta e descreveu o que viu. "Eu sabia que uma crise como essa estava por vir. Vi que faltava água limpa e muita coisa de saúde básica. Vi clínicas de saúde onde médicos haviam ficado de férias por meses e, ainda assim, seguiam recebendo salário", afirmou.

"A crise que estamos vendo agora já aconteceu muitas vezes antes, mas não havia sido tão forte. Está ocorrendo porque as autoridades de saúde ainda não trataram o problema com a seriedade necessária", concluiu.

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(Casal de Papua com sua filha, que sofre de desnutrição em um hospital na região; epidemia matou 72 pessoas no local.)

Enquanto a epidemia de sarampo se espalha,  o presidente Joko Widodo envia tropas militares e equipes médicas para levar mantimentos e dar suporte às vítimas nas vilas remotas. Funcionários da saúde calculam que já tenham vacinados mais de 17,3 mil crianças. E enquanto isso, as autoridades já estão dizendo que o mal está sob controle,será? Não é o que pensa o chefe da equipe médica militar, Asep Setia Gunawan, que  expressamente,"reconhece que a resposta de Jacarta é lenta e que talvez o governo local e o nacional tenham se conscientizado sobre essa epidemia tarde demais", afirmou à agência de notícias AFP.

Em 2001, o governo recebeu quantidade significativa de recursos para a região, com a promessa de levar melhorias para o povo da área. Mas Ruben Atap, assim como muitos moradores de Papua, sugere que a onda de recursos infindáveis pode ter beneficiado somente alguns. "Os líderes locais pegam o dinheiro e usam para eles mesmos. Não pensam na população, apenas enchem as próprias barrigas", disse.

Com o surgimento da epidemia, a ministra da Economia, Sri Mulyani Indrawati, disse que o financiamento autônomo da província seria reavaliado para garantir que seja usado para o desenvolvimento da região. Mas há um grande ceticismo em relação a isso.

Segundo Ruben Atap, as pessoas em Jacarta "só falam sobre dinheiro, que muito dinheiro é enviado para Papua; mas o dinheiro, sozinho, não consegue resolver o problema." O consultor presidencial Yanuar Nugroho, declarou que diversas outras áreas em Papua poderão enfrentar a mesma crise de saúde - e a região representaria apenas a ponta do iceberg. "O problema está no governo local", afirmou.

Em meio ao caos provocado pela epidemia e pela fome, uma proposta do presidente Joko Widodo foi realocar pessoas que vivem na floresta em uma cidade, onde poderiam ficar mais perto dos serviços médicos - mas isso foi imediatamente rejeitado por líderes locais. Suspeito não?

E bem no meio da crise, foi que o governo finalmente prometeu investir mais em escolas e instalações de saúde nas áreas mais remotas.

Ruben Atap diz acreditar que, um dia, sua sobrinha ainda tão pequena conseguirá ir para a escola.

"O que você espera que ela vai fazer depois disso?", perguntamos.

Ele solta um riso nervoso. "Não sei qual será o futuro dela por enquanto. Neste momento, só estamos tentando de tudo para ajudá-la a sobreviver."
Cimberley Cáspio
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